Com o título da Fórmula 3 Europeia do ano passado, passagem à Fórmula 2 e primeiros testes na Fórmula 1, Mick Schumacher está definitivamente na rota da categoria-rainha. Mas a lá chegar, não será de todo o único filho de pai com passado de sucesso a consegui-lo. Neste artigo recordamos alguns outros casos que mais destaque merecem entre os vários que existiram – fica, por isso, o ponto prévio que não se trata de um levantamento exaustivo. Há também que salientar que não falamos de Carlos Sainz e de Carlos Sainz Jr., pelo simples facto de o pai não ter competido na F1.
Jack Brabham (pai) e David Brabham (filho)
Fundador da Brabham, Sir Jack Brabham foi um dos protagonistas da F1 na década de 1960, alcançando três títulos mundiais – dois ao serviço da Cooper e um pela sua própria formação, sendo o único até hoje a alcançar esse feito. Ao longo da carreira ganhou 14 corridas entre as 126 que começou, ficando naturalmente na história da classe rainha.
Décadas mais tarde, em 1990, o seu filho David entrou na F1 depois do título da Fórmula 3 Britânica. A estreia foi pela Brabham: das oito corridas que começou, só concluiu uma num modesto 15.º lugar. Em 1994 voltou ao serviço da frágil Simtek somando dez abandonos em 16 provas. Mas pelo caminho fez os seus melhores resultados, incluindo um décimo lugar (GP de Espanha).
Graham Hill (pai) e Damon Hill (filho)
Outro caso famoso, e um dos mais bem-sucedidos de pai/filho na F1. Graham Hill deu nas vistas sobretudo nos anos 1960, período no qual conquistou os seus dois títulos. Passou por equipas de renome como a BRM, Brabham ou Lotus começando um total de 176 corridas das quais venceu 14.
Em 1992, Damon Hill fez a sua estreia e, depois de uma época discreta com a então modesta Brabham, rumou à ‘toda poderosa’ dessa era, a Williams. Lá alcançou os seus melhores resultados e terminou sempre no top três do Mundial até ao título de 1996. É um dos dois únicos filhos de campeão a ganhar também ele um campeonato. Damon Hill fez 115 corridas, ganhou 22 e terminou de maneira tão discreta como começou: descartado pela Williams, foi para a frágil Arrows e depois para a também modesta Jordan onde fechou a carreira em 1999.

Mario Andretti (pai) e Michael Andretti (filho)
No fim da década de 1960, Mario Andretti começou a fazer participações esporádicas na F1 e até alcançou um pódio com a STP Corporation em 1970 (um ano antes de rumar à Ferrari) estreando-se nos triunfos. Após uma passagem pela Vel’s Parnelli Jones Racing, foi na Lotus que se destacou em definitivo conquistando o seu único título e a última vitória norte-americana na F1 até hoje (GP da Holanda de 1978). Arrancou para 128 corridas e ganhou 12 delas retirando-se em definitivo em 1982.
Bem mais fugaz foi a passagem de Michael Andretti pela F1. Apenas lá esteve na temporada de 1993 pela McLaren, que teve bastantes dificuldades competitivas nesse ano. Colega de equipa de Ayrton Senna, Michael Andretti apenas terminou seis das 13 corridas que disputou e acabou mesmo por sair da equipa depois do terceiro lugar em Itália naquele que foi o seu único pódio.
Gilles Villeneuve (pai) e Jacques Villeneuve (filho)
Gilles Villeneuve foi um dos pilotos mais promissores do fim dos anos 1970 e início dos 1980. Destacando-se pela Ferrari e pelo seu estilo de pilotagem agressivo, somou seis triunfos e foi vice-campeão por uma vez, mas não chegou a ter a chance de celebrar um título: o violento acidente de 1982 em Zolder tirou-lhe a vida e fez com que a sua carreira fosse efémera.
Depois de um título nas IndyCar Series, Jacques Villeneuve chegou à F1 em 1996 pela Williams e, um ano mais tarde, conquistou o título após o polémico incidente no GP da Europa em Jerez com Michael Schumacher. Ainda passou pela BAR Honda, Renault e BMW Sauber mas nunca replicando esse sucesso – o seu último triunfo foi no GP do Luxemburgo de 1997, apesar de ter prosseguido na F1 até 2006.
Keke Rosberg (pai) e Nico Rosberg (filho)
Incontornável caso de pai/filho a competirem na F1. Nos anos 1980, Keke Rosberg foi um dos protagonistas do campeonato, contando com passagens por formações históricas como a Williams e a McLaren. Esteve sete épocas a tempo inteiro e alcançou apenas cinco triunfos… apenas um no ano de 1982 em que se sagrou campeão e no qual a regularidade foi a sua principal arma.
Em 2006, Nico Rosberg entrou na F1 pela porta da Williams, que estava longe de ter o poderio de outros tempos. Em 2010, foi um dos pilotos que iniciou o projecto da Mercedes e nunca mais de lá saiu. Em 2012 estreou-se a ganhar na China e, quando a era híbrida começou em 2014, foi protagonista das lutas acérrimas pelos títulos com Lewis Hamilton. Nico Rosberg sagrou-se campeão em 2016 e, depois disso, decidiu de forma surpreendente retirar-se.

Nelson Piquet (pai) e Nelson Piquet Jr. (filho)
Um dos melhores pilotos brasileiros de sempre foi, indubitavelmente, Nelson Piquet. O ‘grosso’ da sua carreira foi na década de 1980, competindo contra homens como Alain Prost, Ayrton Senna ou Niki Lauda. Partiu para 204 corridas conquistando 23 vitórias e três títulos – dois pela Brabham, um pela Williams.
A Renault introduziu Nelson Piquet Jr. na F1 em 2008 e nessa época o brasileiro alcançou o seu único pódio… mas também ficou ligado ao ‘Crashgate’ de Singapura, em que por estratégia da Renault teve propositadamente um despiste para benefício do colega Fernando Alonso. Quando o escândalo rebentou em 2009, Piquet Jr. saiu da Renault após o GP da Hungria não mais voltando à F1.
Jan Magnussen (pai) e Kevin Magnussen (filho)
No virar dos anos 1990, Jan Magnussen competiu na F1: fez uma participação esporádica em 1997, a temporada completa do ano seguinte pela Stewart Ford e sensivelmente meia época de 1999 pela mesma equipa. Curiosamente, colocou um ponto final à carreira depois do seu melhor resultado, o sexto lugar no GP do Canadá de 1999. Esteve longe de corresponder às expectativas de Jackie Stewart, que chegou a considerar Magnussen como o mais talentoso piloto jovem emergente desde Senna.
O filho de Jan, Kevin Magnussen, está a ter mais sucesso. O começo pela McLaren em 2014 não foi fácil, apesar de ter feito o único pódio na carreira até ao momento, a passagem pela Renault até foi mais fraca, mas em 2017 encontrou uma ‘casa’ estável na Haas. No ano passado conseguiu a sua melhor época de sempre ao ser nono com 56 pontos (terminou nos lugares pontuáveis em 11 das 21 provas realizadas).
Jos Verstappen (pai) e Max Verstappen (filho)
Um dos casos em que o filho já tem mais sucesso do que o pai. Entre 1994 e 2003 (exceptuando 1999 e 2002), Jos Verstappen disputou 106 corridas passando pela Benetton no tempo áureo desta, Simtek, Footwork, Tyrrel/Stewart, Arrows e Minardi. Exceptuando dois pódios em 1994, só pontuou em mais cinco provas tendo um elevado número de abandonos.
Max Verstappen está a ter muito mais êxito. Em 2015 tornou-se o mais jovem de sempre a estrear-se na F1, ainda com 17 anos, e rapidamente se destacou: em menos de ano e meio chegou à Red Bull e não tem desiludido, mesmo se passou pelos seus períodos negativos. Este ano é terceiro após três corridas e é evidente não ser uma questão de valia, mas apenas de ter o monolugar certo, para entrar verdadeiramente na luta pelos títulos.
