Completam-se esta quarta-feira 25 anos desde o desaparecimento de Ayrton Senna da Silva. O fatídico 1 de Maio de 1994 não sairá certamente da memória de milhões de adeptos de Fórmula 1 e do desporto motorizado em geral, já que ficou marcado pelo falecimento de um dos que é reconhecido como dos maiores da história. Na altura, Senna, de 34 anos de idade, tinha sido campeão mundial por quatro vezes, estabelecendo muitos outros marcos em termos de competição mas também pela sua pessoa, pela sua forma de ser.
Aquele GP de São Marino de 1994 em Imola parecia assombrado. Logo nos treinos de sexta-feira, Rubens Barrichello escapou com lesões menores, praticamente por milagre, a um violento acidente a alta velocidade na Variante Bassa. O sábado ficou marcado pelo trágico acidente de Roland Ratzenberger na qualificação. O austríaco da Simtek despistou-se na curva Villeneuve a mais de 300km/h e logo no local viu-se que dificilmente sairia com vida. O óbito foi confirmado no hospital e era o primeiro na F1 desde o de Gilles Villeneuve em 1982.
Domingo, 1 de Maio de 1994, novo acidente logo na partida dava continuidade a uma ronda negra. Pedro Lamy bateu no Benetton de J.J. Lehto, imobilizado após falhar o arranque, os destroços foram projectados e nove espectadores sofreram ferimentos ligeiros. A corrida teve de ficar atrás do safety car até ao fim da quinta volta. Mas o pior aconteceu pouco depois.
A corrida era liderada por Ayrton Senna, que partira da pole position e seguia na frente de Michael Schumacher. Se inicialmente tudo correu com normalidade, pouco depois de começar a sétima volta, o astro brasileiro perdeu o controlo do Williams devido à quebra da barra de direcção antes da infame curva Tamburello. O forte embate no muro de cimento foi a 210km/h, mas terá sido uma parte da suspensão dianteira a penetrar a viseira que provocou os ferimentos graves no crânio e cérebro que ditaram a morte.
Pouco antes de começar a ser assistido, um ligeiro movimento de cabeça ainda deu esperanças, mas a equipa de socorristas liderada por Sid Watkins cedo percebeu que pouco haveria a fazer. Senna ainda foi transportado com vida de helicótpero para o Hospital Maggiore, aonde foi declarado o óbito horas mais tarde.
Deixou-nos a pessoa e o piloto fisicamente, ficou o seu legado. A memória e o fascínio continua bem presente mesmo 25 anos depois, inspirou milhões de pessoas e alguns dos actuais pilotos de F1, os seus duelos (dentro e fora de pista, por exemplo com Alain Prost…), os seus pensamentos e as suas atitudes continuam a ser recordadas (uma das imagens de marca nesse aspecto é a assistência a Érik Comas depois de um aparatoso acidente nos treinos do GP do México de 1992). O legado social também ficou, com o Instituto Ayrton Senna criado depois da sua morte a apoiar as crianças e jovens desfavorecidos do Brasil.
Para a F1 e para o desporto motorizado, o trágico GP de São Marino de 1994 foi também fulcral um ponto de viragem no que toca a medidas de reforço da segurança. Várias soluções foram introduzidas depois disso, quer nas pistas, quer nos monolugares, e não só (veja-se o dispositivo HANS) e os efeitos positivos ao nível da segurança estão à vista. Apesar de terem existido acidentes fortes desde então, só houve mais um falecimento: o de Jules Bianchi, por ter embatido num tractor que resgatava um monolugar acidentado no GP do Japão de 2014.