Quinze dias depois de máquinas e pilotos terem competido em Zolder, a Formula 1 estava de volta à competição, desta vez nas ruas do Mónaco. Isto acontecia numa altura em que a Formula 1 ainda lambia as feridas da perda de Gilles Villeneuve, morto 15 dias antes, na pista belga. A perda era ainda mais sentida quando se sabia que o canadiano tinha sido o vencedor da corrida monegasca no ano anterior. Assim sendo, e enquanto a Scuderia procurava por um substituto, iria ser Didier Pironi o único Ferrari em pista.
Por causa dos acidentes, a organização monegasca decidiu reduzir a grelha para vinte carros, o que com 31 bólidos inscritos, era mais de um terço do atual pelotão. Teve de haver uma pré-qualificação, até terem 24 carros na qualificação. Ali, nessa primeira fase, ficaram de fora os March de De Villota e de Raul Boesel, o Osella de Riccardo Paletti, o Fittipaldi de Chico Serra e o Toleman de Teo Fabi.
No final das duas sessões de qualificação – na quinta e no sábado – o melhor acabou por ser o Renault de René Arnoux – que tinha feito a “pole-position” pela segunda vez consecutiva – com Riccardo Patrese a seu lado, no seu Brabham-Cosworth. Bruno Giacomelli era o terceiro, com o seu Alfa Romeo, seguido pelo segundo Renault de Alain Prost. Didier Pironi foi o quinto, seguido pelo Williams de Keke Rosberg. Andrea De Cesaris, no segundo Alfa Romeo, era o sétimo, seguido do segundo Williams de Derek Daly. E a fechar o “top ten” ficaram o Tyrrell de Michele Alboreto e o McLaren de John Watson.
Seis pilotos ficaram de fora desta corrida: o Arrows de Mauro Baldi, o Theodore de Jan Lammers, o March de Jochen Mass, o Toleman de Derek Warwick, o Osella de Jean-Pierre Jarier e o Ensign de Roberto Guerrero.
UMA CORRIDA ATRIBULADA
A corrida começou com céu nublado e alguma ameaça de chuva. No momento da partida, Arnoux manteve a pole-position, seguido por Giacomelli, Patrese, Prost e Pironi e De Cesaris, que tinha conseguido passar Rosberg e Alboreto. Prost passou Patrese na volta seguinte e aproveitou os problemas de eixo de Giacomelli, que iria abandonar na quarta volta, fazendo com que o francês subisse para a segunda posição. As coisas mantiveram-se assim até à volta 15, quando o motor Renault Turbo de Arnoux cala-se de vez. Assim sendo, Prost herda o primeiro lugar.
A partir daqui, o francês controla os avanços de Patrese, que era segundo, com Pironi atrás. O francês da Ferrari teve depois um problema quando sofreu uma pancada com um piloto retardado, que lhe arrancou parte do seu nariz, mas que o permitiu continuar na pista, sem problemas. Rosberg era agora o quinto, sem poder alcançar De Cesaris, e as coisas mantinham-se assim até às voltas finais.
MAS AFINAL, QUEM É O PRIMEIRO?
A três voltas do fim, cai uma chuva fraca nas ruas monegascas, que é mais do que suficiente para baralhar as coisas. Na entrada da curva Tabac, Prost perde o controlo do seu carro e bate forte no guard-rail, acabando por desistir, entregando o comando a Riccardo Patrese, no seu Brabham. Tudo indicava que seria o italiano a vencer, e ele iniciava a última volta no comando. Contudo, na descida para o gancho do Hotel Loews… fez um pião. Ele não sabia, mas tinha passado por cima do óleo do Williams de Derek Daly, que tinha quebrado a sua caixa de velocidades, e o óleo tinha sido misturado com a fina camada de chuva. O pião fez-lhe perder tempo, mais do que suficiente para ver passar o Ferrari de Didier Pironi.
Contudo, o francês… ficou sem gasolina na entrada do Túnel, a meia volta do final. As câmaras de televisão procuravam afincadamente por saber quem teria sido o próximo a cortar a meta, e descobriram o Alfa Romeo de Andrea de Cesaris. Só que este estava parado na descida do Mirabeau… sem gasolina!
Todos procuravam por um carro a andar naquele momento. As coisas estavam tão desesperadas, que na cabina da BBC, James Hunt irritava-se: “Chegamos a um ponto de rídiculo onde estamos todos à espera de ver alguém a passar a meta, e parece que ninguém está disponível!”
Por fim apareceu alguém: era Ricciardo Patrese, que tinha conseguido voltar a funcionar o seu carro e conseguido cruzar a meta em primeiro lugar. Mas ele não sabia. Pensava que tinha perdido a corrida, mas apenas quando Didier Pironi lhe disse o contrário, é que acreditou. E mesmo assim, o pódio foi confuso: Patrese subiu ao pódio… depois de a organização ter chamado os seus compatriotas Andrea de Cesaris e Elio de Angelis, pois acreditavam que tinham sido um deles a vencer! Na realidade, De Cesaris e De Angelis tinham sido terceiro e quinto classificado, respectivamente. Pironi foi segundo, e Nigel Mansell ainda foi quarto, a uma volta do vencedor. A fechar os pontos ficou o Williams de Derek Daly, que andou mais de meia corrida… sem asa traseira!