Quando máquinas e pilotos chegaram a Monza, palco do GP de Itália, a liderança de Emerson Fittipaldi no campeonato era enorme: tinha 52 pontos contra os 27 de Jackie Stewart e Dennis Hulme, e 25 de Jacky Ickx. Fittipaldi tinha vencido quatro corridas, contra apenas uma de Stewart, e o brasileiro tinha sido o vencedor na corrida anterior, na Austria. Para ele, bastava ser quarto em Monza para alcançar um inédito título mundial para o Brasil.
Entretanto, os organizadores do circuito de Monza tomaram uma decisão importante: depois de mais uma chegada ao milímetro no ano anterior, e de saber que tinha sido alcançada a mais alta média de sempre numa corrida (que só seria batida 30 anos depois), os organizadores decidiram colocar chicanes em dois sítios da pista: no final da recta, na zona posterior à entrada no anel de velocidade, e na Variante Ascari.
Contudo, o fim de semana da Lotus poderia ter acabado antes de começar. Na terça-feira do Grande Prémio, o camião da Lotus teve um desastre na zona dos Alpes e o Lotus 72D que lá ia dentro estava irrecuperável. Com poucos dias para os treinos oficiais, Chapman pegou nas partes de outro carro e reconstruiu um novo chassis. Foi uma tarefa titânica, mas tudo estava pronto antes do fim-de-semana. Nos treinos, Jacky Ickx foi o melhor, seguido por Chris Amon, no seu potente Matra. Na segunda fila ficaram Jackie Stewart e o Ferrari de Clay Regazzoni, enquanto que Dennis Hulme era o quinto, na frente de Emerson Fittipaldi. Na verdade, o brasileiro nem se esforçou muito, pois não era necessário, e também estava a guiar um carro reconstruído.
Mário Andretti era o sétimo, no terceiro Ferrari, na frente de outro americano, Peter Revson, no seu McLaren, e a fechar o “top ten” estavam o Surtees de Mike Hailwood e o BRM de Reine Wissell.
No dia da corrida, nova ameaça no horizonte: Quando levavam o carro para a grelha, os mecânicos da Lotus detectaram um vazamento no depósito de gasolina, suficiente para impedir Fittipaldi de correr. Tinham pouco mais de meia hora para reparar, mas a sua competência veio ao de cima: o problema foi resolvido e o brasileiro pode alinhar.
Quando a corrida começou, Icxx e Amon foram para a frente, enquanto que Stewart ficava parado na grelha com a transmissão partida. O primeiro rival de Emerson ficava de fora. A corrida continuava, com Fittipaldi a controlar as coisas, na terceira posição, enquanto que Ickx e Amon escapam-se, decididos a lutar pela liderança. O belga manteve a dianteira, e quando os travões do Matra do piloto neozelandês falharam, na volta 38, nada podia parar o piloto belga da sua segunda vitória naquele ano.
Contudo, na volta 46, uma pane eléctrica no seu Ferrari faz com que tenha de desistir e dar o triunfo ao piloto brasileiro. As suas (já) ténues chances de alcançar o título foram por água abaixo, e Fittipaldi, que à partida precisava apenas de ser quarto para se sagrar Campeão do Mundo… estava a caminho da vitória.
E assim foi. Quando cortou a meta, um Colin Chapman eufórico comemorava à sua maneira mais uma vitória e o triunfo de Fittipaldi e do seu Lotus 72D. Mike Hailwood era o segundo e dava à Surtees o seu primeiro pódio na Formula 1 (curiosamente, esta foi a última corrida do seu proprietário), enquanto que Dennis Hulme fechou o pódio, na frente de Peter Revson, o Brabham do veterano Graham Hill e o BRM de Peter Gethin, o vencedor da corrida no ano anterior. E claro, com isto, o Brasil entrava em delírio, e descobria um novo herói para com quem torcer.